Por que as emissoras precisam olhar para o OTT e como a Netflix revolucionou o mercado

Publicado por Glaudir Schlemper em

Para discutirmos o papel do OTT em um mercado no qual ele se consolida como protagonista, em primeiro lugar, é preciso entender como se desenvolveram algumas mudanças de comportamento. Segundo este texto, publicado pelo portal Olhar Digital, os dados apresentados mostram que, em 2019, pela primeira vez, a população mundial deve passar mais tempo na internet do que vendo TV. O mais interessante é que, na prática, não houve uma redução no consumo de conteúdo audiovisual. Pelo contrário, houve uma substituição do meio no qual esses dados são distribuídos e dos aparelhos nos quais o conteúdo é consumido. A TV, antes soberana, hoje divide espaço com smartphones, tablets e outros dispositivos móveis.

A reportagem destaca plataformas como a Netflix como líderes dessas mudanças e os dados divulgados pela Ancine confirmam esse posicionamento. Segundo a pesquisa, de 2016 a 2022, o número de assinantes da plataforma na América Latina deve passar de 11 para mais de 16 milhões. Seguindo a mesma tendência, outras plataformas de distribuição de conteúdo OTT como Claro vídeo, Blim, Movistar Play, HBO, Amazon e Crackle também devem crescer.

Diante dessas informações, torna-se evidente que a mudança de comportamento gerada pela Netflix, além de estender-se como bons negócios para outras empresas, também representa, de alguma forma, um modelo que deu certo. Os motivos citados por especialistas são os mais diversos, como a mudança de comportamento das pessoas em relação ao hábito de assistir TV, a possibilidade de segmentação, o poder viciante das produções em série, entre outros. Porém, o que nem todos param para pensar é que o fenômeno se relaciona muito mais do que com o simples hábito de gostar de bons conteúdos (que já está inerente ao ser humano), mas sim à possibilidade de coletar dados e proporcionar uma experiência única ao usuário.

OTT e a interpretação de dados

A história da Netflix começou no ano de 1997, quando a empresa oferecia um serviço de entrega de DVDs nas casas dos usuários. Apesar de bastante próspero, o grande boom e a maior sacada da empresa foi quando, três anos depois, passou a recomendar novos títulos a partir dos preferidos por cada assinante. Só quem nunca passou horas tentando escolher um filme não seria capaz de entender o quão interessante é um serviço como esse. E se foi bom para o usuário, melhor ainda para a empresa, que, de 2002 a 2005, chegou a crescer 700%, segundo esta reportagem.

Nos anos seguintes, a Netflix consolidou-se como referência em OTT e passou a lançar seus próprios conteúdos. Não por acaso, além de ser uma passagem quase natural de mero distribuidor para produtor efetivo, o que a Netflix fez mais uma vez foi perceber que o maior valor de sua plataforma talvez não fosse, de fato, o conteúdo em si, mas os dados dos seus usuários.

Já falamos aqui no blog sobre como a segmentação pode ser a chave para atingir públicos extremamente qualificados e interessados em determinado assunto. Sendo assim, ter essas informações em mãos vale como ouro para empresas que desejam atingir públicos específicos gastando menos e com uma efetividade muito maior. A Netflix sabe disso e entende que os dados sobre preferências dos consumidores são o maior tesouro da plataforma.

Somente depois de entenderem a importância desses dados que grandes produtores de conteúdo como a Disney decidiram não lançar mais filmes na Netflix, mas sim criar sua própria plataforma OTT. Enquanto pensavam que seu maior valor era o conteúdo, grandes empresas davam de “mão beijada” dados valiosos sobre preferências dos espectadores. Sabendo o que o usuário quer, é possível não só sugerir qual será o próximo filme que ele vai gostar, mas também produzir, do zero, conteúdos com maior chance de agradar boa parte do público e, consequentemente fazer com que o sucesso se torne mais fácil.

Como sua emissora deve se posicionar?

A resposta para essa pergunta não é simples e depende do contexto específico no qual cada emissora está inserida. Porém, de um modo geral, o primeiro passo é entender que plataformas OTT são mais do que importantes oportunidades de disponibilizar conteúdo online. São também uma forma eficaz e muito precisa de medir audiência, preferências, tendências de mercado, entre outras informações.

Quando você conhece seu público e consegue interpretar de forma correta as mais finas nuances do significado das informações coletadas, uma gama de possibilidades relacionadas a produção de novos conteúdos e até publicidade se abre. É por isso que pensar em OTT, hoje, não deve ser simplesmente para cumprir um desejo de mercado de ter novelas, filmes e telejornais acessíveis a qualquer hora, mas sim uma estratégia empresarial para posicionar-se em um mercado no qual as informações (e a eficaz análise delas) se tornam fatores determinantes entre o sucesso e o fracasso.

É importante ressaltar, no entanto, que apesar de já termos entendido que os dados são um grande mérito do OTT, as estratégias só permanecem eficazes quando há público interessado no conteúdo. Ele continua sendo soberano e jamais pode ser negligenciado. Realizando bons trabalhos e, a partir deles, uma boa interpretação de dados, as chances de sucesso aumentam e o público tende a tornar-se ainda mais engajado.

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